terça-feira, 31 de agosto de 2010

Poeminha que "fiço" ontem à noite, num boteco.
Achei maneiro e, por isso, posto aqui nesse espaço.
Aliás, é por causa de posts como esse, que me dá vontade de reativar meu antigo blog, Aterro Sanitário.
Minha produção de lixo anda aumentando barbaridade (eita, palavrinha véia!). Talvez eu seja uma ameaça ao futuro da humanidade. Carai, nem tinha pensado nisso antes.. rsrs.. sou burro demais, véi!
Mas vamos ao poema, que batizei de Ansiedade.
Ah, tem umas palavras em francês que eu acho que estão erradas na grafia.
Se alguém puder ajudar a corrigir, "acorrege"... rsrs

Je suis très gatinho
je suis bonitinho
je suis de verdade

acredito em nós dois
je suis pó de arroz
um fla X flu na cidade

Je suis esse horror
e vous êtes un amor
vou dizer da vontade

sou assim, se você
me quiser pra você
je suis ansiedade.
Sempre posto aqui, textos que amigos fazem para mim.
Vários posts existem aí pra baixo, nesse sentido.
Hoje posto um presente que recebi ontem, do meu amigo Tiaguinho.
Esse Thiago é duma espécie de gente cada dia mais rara no mundo
Veja o texto. Leia.

"Assim, como a delgada pétala de tez fugaz e macia, com tênue razão de existir, acordou o dia. Acolheu o escuro da noite e o fastio de tempos e findou-se, como feixes velozes que partem espectros de luz.
Na altura da tarde em que luzernas perdiam brilho, sentamo-nos num canto junto à rua; num átomo, grandes olhos pretos fixaram-se. Um lugar comum, de dor e delícias, incauto e sereno.
Você, libérrimo e audaz, divagava pela vida vivida (sem saudades). E supunhas, com vontade, o amanhã que não verias - quiçá padecendo por sucumbir à buliçosa e delicada arte de viver.
E em nosso monólogo ocasional, meu riso tornou-se súplica embargada.
E roubando-lhe a iniciativa, como um ladrão, furtei-lhe a fala: 'Não morrerás! Ficarás encantado."

É isso aí,dom!
Fala a verdade: tô bem de amigo, não?

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Alguns poemas do Rubens Rodrigues Torres Filho, de brinde, free, pra quem gosto.
Quem gosto (leia direito), são os que frequentam esse blog.
Gatos pingados, eu sei.
Mas como diz um cantor amigo meu, diante de pequenas pláteias e aplausos escassos: poucos, porém sinceros.


1) Mas o cisco

Corre o risco de escrever.
O risco da escrita corre
pela página deserta
se meu coração disserta
sobre o susto de viver.

Mas o cisco de entrever
colhe o disco da pupila
nos sulcos do acontecido
no giro do acontecer.

A trama - o texto - tecido
na ponta dos atros dedos
ao fio dos medos ingratos
corre os riscos correlatos:
ir & voltar. Ler. Reler.


2) Do vinho para a água

Das nove e meia da noite
às quatro e meia da chuva,
hora nenhuma, que é esta.

O vinho tinto que resta
no copo, que é corpo e culpa,
é nuvem, uva ou dilúvio?
Minha atenção já não presta.

Exato como uma luva
o coração nos aperta.
Tempo passa, passatempo,
roça a asa na conversa.

(O tempo esquece de quem
esquece a preguiça e a pressa).


3) Por exemplo

Ao que se chama oceano: ponto
pego, ambiguidade
ou simplesmente mar, nas horas densas;

ao que se diz das coisas invisíveis,
a saber, choro e vento, tempestade
dentro do abraço,

ao que se espera quando a noite é lenta
e se alimenta de pássaros suicidas

somo
esta notícia:
de teu nome gravado nas laranjas
e outros hábitos maiores.

Por exemplo sentar-se com gerânios
e a água que isso inaugura nos teus olhos.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Tava relendo ontem, pela milésima vez, o poeta Rubens Rodrigues Torres Filho (leiam, o cara é muito bom), no livro O Vôo Circunflexo.
Cada texto que dá preguiça, de tão bom.
Fico olhando os novos poetas da cidade e me dá um medo, porque os vícios são basicamente os mesmos dos velhos poetas.
Ninguém lê.
Todo mundo produz pra caralho.
Mas um não lê o poema, o livro do outro.
Ninguém se preocupa em saber o que foi feito, o que está sendo feito e o que se está pretendendo fazer de poesia no planeta.
Uma desinformação geral.
Os velhos poetas, até que a gente perdoa.
Porque os velhotes não tinham esse volume de informações que tá à disposição dos novos.
Eu acho que falta de informação não tem perdão.
Mas, já que os velhotes tão com um pé na cova e outro na casca de banana (que nem eu tô), a gente perdoa.
Mas os novos? Caraca! Não tem perdão.
Portanto, peão, vc que nunca leu Rubens Rodrigues Torres Filho, ou nunca soube que o cara existiu, tente buscar.
Vale a pena. O cara é muito bom. Como tantos outros poetas são excelentes e merecem atenção.
Atenção!
Senhores "jovens" poetas de Gyn, cada dia mais a caminho do mesmo, da mesmice, do futuro dos que estão passando.
Se liguem!
Saque só um texto do cara:
"Detesto ter morrido nos teus olhos
como se me afogar fosse delícia".

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Em 2000, eu tava começando a dirigir o Martim Cererê, e a Lydia Himmem me propôs que a gente fizesse um lance de música eletrônica.
Foi então criado o Eletronicamente, que é o pai e a mãe de projetos que vieram depois como o Quinta Ativa, e dessas festas com discotecagem, que viraram febre em Gyn, até 2009.
O Eletronicamente nasceu numa época em que se ir a festas de música eletrônica era supercaro.
Haves a 60 paus, ou mais. Boates a 20 paus, por aí. Na época, né?
E o Eletronicamente veio free, de grátis.
Foi uma festa. Cerca de 700 pessoas se acumulavam no Martim, à cada sexta-feira, das 18h às 24h.
Depois a gente parou com o babado, porque tava na hora de parar.
Em Goiânia, o povo tem a mania de continuar com projetos, mesmo depois deles terem morrido.
Caraca, eu comecei esse papo com uma idéia pra encerrar, e esqueci... véi é foda... tem que morrer.
Ah, nem!
Depois que eu lembrar qual era o papo de fechamento, volto aqui e falo.
Faz de conta que eu pedi os comerciais.
E espere sentado.
Vc faz isso pro Raul Gil. Por que não pode fazer por mim?

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Caraca, tem um tempão que abandonei esse blog.
Depois que fui parar no twitter, aprendi a pensar usando apenas 140 caracteres.
Deixei de pensar comprido, com muitas palavras, muitos toques e passei a pensar pequenininho, do jeito que o twitter ensina.
Hoje, relendo pela milésima vez, Gaiteiro velho, livro de poemas do Fausto Wolff, lançado em 2003 pela Bertrand Brasil, me deu vontade de voltar a pensar comprido.
Tá que os poemas do Wolff, se a gente resumir, a maioria tem frases geniais que cabem no twitter.
Exemplos:
"Levo dentro do bolso a chave do reino. Não há saída".
"Deste modo fui envelhecendo. As palavras me enganando e eu enganando elas."
"Devolvo-lhe o sexo e o prazer anexo".
"Comportem-nos irmãos. Caso contrário, descobrirão que não somos comportados e nem irmãos."
E por aí vai.
Mas se vc pegar um poema inteiro do Gaiteiro Velho, o prazer é infinitamente maior.
Por esse motivo simples, mas altamente relevante para mim, resolvi voltar ao meu Tire o dedo do meu blog.
Justamente para deixar de ser monossilábico, coisa que o twitter nos impõe.
Eu falei impõe. Não falei obriga.
Será que consigo voltar a dar as caras por aqui?
A falta de frequência resulta na falta de hábito.
E a falta de hábito resulta numa preguiça imensa.
Preguiça do meu blog. Do meu Tire o dedo...
Eu tô voltando!