segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Outro dia, o Ricardo Leão fez um show no Goiânia Ouro, lançando o CD Cinematecla.
Um puta dum show, por sinal.
Durante a passagem de som, o Ricardo me chamou e começou a cantar algumas canções que fizemos juntos nos anos 80 e 90.
Cantamos juntos.
Na hora me lembrei das letras.
Caraca, como eu e o Ricardo temos canções boas, véi!!!
Modéstia às favas!!
O Ricardo propôs: "Carlão, vamos gravar um disco com essas nossas canções?"Ficamos de selecionar algumas e convidar cantores e cantoras para nos ajudarem nas gravações... achei a idéia massa.. espero que vingue.... rsrs
O Ricardo lembrou de duas canções, Fora do Tom e Viola Rouca.
Lembrei que adoro as duas.
E lembrei que Viola Rouca foi a primeira letra que fiz falando de mim.
Não gosto de fazer letras falando de mim.
98% das minhas letras não tem nada a ver com a minha realidade.
Pura ficção...
Como dizia a mulher do Lupicínio Rodrigues ( o grande), ao ver o marido explicando as letras das canções dor de cotovelo que fazia, tentando dizer que tinham a ver com sua realidade: "Tudo mentira.. Tudo mentira"...
Eu também, se falar que minhas letras são tiradas de momentos meus, podem gritar: Tudo mentira!
Mas Viola Rouca eu fiz nos anos 70 e o Ricardo musicou nos 80.
Adoro.
Posto aqui.
Agora.

Viola Rouca
Deixei que a faca me sangrasse o corpo
Deixei que o sangue se escorresse aos poucos
Saí de manso, pela porta lateral
Ninguém me viu.

Levei comigo os sonhos da cidade
A sede, a senha, o corredor da morte
Gritei seu riso falso, marginal
Ninguém ouviu.

Guardo comigo uma viola rouca
De vez em quando, ronca, por roncar
De vez em quando, louca pra cantar.

Fica comigo, minha coisa pouca
Converse mais, até o boi dormir
Depois me abrace o corpo
E cale a boca.

Vou postar também a letra de Fora de Tom.
Que amo.. ela é política... feita ainda nos tempos da ditadura militar.

Fora do Tom

É como se outra vez
a gente estivesse aqui
sofrendo do mesmo mal
que um dia se fez sentir
com medo da mesma dor
sem jeito até pra sorrir
plantando da mesma flor
negando pra não pedir
querendo morrer de amor
sem forças pra conseguir.

É como se outra vez
calar fosse muito bom
viver fosse tão menor
que a vida fora do tom
querendo soltar a voz
e a boca negando o som.

É como se outra vez
a vida acabasse aqui
e o passo estancasse assim
com medo de proseguir
e a estrada se abrisse em dez
e a gente sem decidir.