segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Hoje eu tava falando com o Fernando, no Talk, quando ele riu.. aquele kkkkkkkk.. saca?
Na hora me lembrei de dois poemas que falam do ato de rir.
E passei pra ele, que adorou.
Daí, resolvi postar aqui, porque se tem muita gente que saca, tem um monte que nunca leu...
E eu acho massa dividir essas coisas....
Como um dos poemas sobre o ato de rir é do Cruz e Souza, um gênio, resolvi postar outro poema dele.. nada a ver com rir..
O primeiro poema da "série rir" (rsrs), é do Cruz e Souza e chama-se Rir (eita!).
Paulo Leminski lançou um livro sobre a vida e obra dese poeta negro.
Quem não leu, leia... o livro é um show de história, respeito e poesia.
O outro poema é mais véi que eu, de 1910.. parece... Encantação do riso.
Se meu russo não me falha, o autor é Velimir khelébnikov, com tradução de Haroldo de Campos.
E Caveira, do Cruz e Souza, é uma obra prima.
Leminski chamou a atenção para a numeração das estrofes e o número de pontos de exclamação no final das mesmas... fica parecendo um poema visual...
Saque:


RIR! (Cruz e Souza)
Rir! Não parece ao século presente
Que o rir traduza, sempre, uma alegria...
Rir! Mas não rir como essa pobre gente
Que ri sem arte e sem filosofia.

Rir! Mas com o rir atroz, o rir tremente,
Com que André Gil eternamente ria.
Rir! Mas com o rir demolidor e quente
Duma profunda e trágica ironia.

Antes chorar! Mais fácil nos parece.
Porque o chorar nos ilumina e nos aquece
Nesta noite gelada do existir.

Antes chorar que rir de modo triste...
Pois que o difícil do rir bem consiste
Só em saber como Henri Heine rir!...


Encantação do riso (Velimir Khelébnikov. Tradução: Haroldo de Campos)
Ride, ridentes!
Derride, derridentes!
Risonhai aos risos, rimente risandai!
Derride sorrimente!
Risos sobrerrisos -risadas de sorrideiros risores!
Hilare esrir, risos de sobrerridores riseiros!
Sorrisonhos, risonhos, sorride, ridiculai, risando, risantes,
Hilariando, riando,Ride, ridentes!
Derride, derridentes!


Caveira (Cruz e Souza)
I
Olhos que foram olhos, dois buracos
Agora, fundos, no ondular da poeira...
Nem negros, nem azuis e nem opacos.
Caveira!

II
Nariz de linhas, correções audazes,
De expressão aquilina e feiticeira,
Onde os olfatos virginais, falazes?!
Caveira! Caveira!!

III
Boca de dentes límpidos e finos,
De curve leve, original, ligeira,
Que é feito dos teus risos cristalinos?!
Caveira! Caveira!! Caveira!!!