terça-feira, 19 de abril de 2011

Tava ajudando o Kaio Bruno e o Edival Lourenço, na Balada Literária que vai acontecer na UBE, todos falando de Yêda Schmaltz, que será homenageada na ocasião e me lembrei que não tenho nenhum livro dela.
Tenho, na loja do Goiânia Ouro, alguns livros da Yêda, que seu filho Cristino deixou aqui para serem vendidos.
Pensei: porra, que saudades dessa minha amiga!
Fui pro google, pai de todos.
Lá tem alguns poemas da Yêda, como esse belíssimo Cavalo de Pau, do livro A Alquimia dos Nós, de 1979.
Leiam aí. Procurem mais. Repito: na loja do Ouro tem livros pra vender. É preciso aprender o que temos de bom nessa terra. Yêda é preciso.
Falar nisso: por que será que a poeta sumiu?
Por que poucos falam dela?
Por sua importância e por seus textos muito bons, Yêda merece ser mais lembrada.
Assim como Carlos Fernando Magalhães, meu amigo Cacá, um dos nossos talentos reais.
Vamos ao poema da Yêda, só pra matar a saudade:




Cavalo de Pau
 
Quando amo, sou assim:
dou de tudo para o amado
- a minha agulha de ouro,
meu alfinete de sonho
e a minha estrela de prata.
Quando amo, crio mitos,
dou para o amado meus olhos,
meus vestidos mais bonitos,
minhas blusas de babados,
meus livros mais esquisitos,
meus poemas desmanchados.
Vou me despindo de tudo:
meus cromos, meu travesseiro
e meu móbile de chaves.
Tudo de mim voa longe
e tudo se muda em ave.
Nos braços do meu amado,
os mitos se acumulando:
um pandeiro de cigana
com mil fitas coloridas;
de cabelo esvoaçando,
a Vênus que nasceu loura.
(E lá vou eu navegando.)
Nos braços do meu amado,
os mitos se acumulando,
enchendo-se os braços curtos
e o amado vai se inflando.
- O que de mais me lamento
e o que de mais me espanto:
o amado vai se inflando
não dos mitos, mas de vento
até que o elo arrebenta
e o pobre do amado estoura.
(Nenhum amado me aguenta.)

Nenhum comentário:

Postar um comentário