Ele me enviou um texto do Ancelmo Gois, falando da importância do alto-falante, nessa era tão moderna. rsrs
Veja um trecho do texto do Ancelmo:
"Como se sabe, na cidade serrana de Areal, minutos antes do aguaceiro que devastou tudo, um carro de som avisou às pessoas para saírem, pois a catástrofe estava a caminho. Enquanto isso, em bairros elegantes das vizinhas Nova Friburgo e Teresópolis, debaixo d’água, os telefones ficaram mudos, iPhones viraram simples brinquedos para jogar, computadores, sem conexão, tornaram-se trambolhos obsoletos e, na falta de energia, não havia nem TV. Não foi à toa que a prefeitura do Rio anunciou, semana passada, a instalação de 60 sirenes e alto-falantes em locais de risco para alertar a população em caso de temporal."
Li e me lembrei, no ato, do alto-falante, da rádio poste da minha terra, Mossâmedes.
Achei o texto do meu email, engraçado, e resolvi postar aqui.
Vamos:
Pois é, Renato, em Mossâmedes tinha essa rádio poste.
Era massa!
Um dia anunciaram: "Carlos Antonio Brandão, ganhou um requeijão".
Eu havia ganho um requeijão, numa rifa e, a única maneira de me comunicar e comunicar TODA a cidade, era através da rádio poste, do alto-falante.
Isso me traumatizou profundamente.. rsrs
Resultado do trauma: Nunca mais ganhei nada em bingo, loteria, rifa, megasena, nada.
Incrível como essa praga e esse trauma me perseguem.. hehe
Quando os Beatles lançaram seus primeiros compactos, o Divino, meu irmão mais velho, que estudava em Goiânia, comprou um compacto simples e um duplo da banda inglesa.
Nas férias ele foi pra Mossâmedes e levou os tais discos.
Achei massa, ouvir aquela música "estranha" e profundamente contagiante, na rádio poste da minha terra.
Era uma novidade e o alcance dessa novidade a gente nem podia prever.
Anos depois, em 1967, já em Goiânia, eu fui estudar no Colégio Emmanuel.
Cheguei no pátio e a rádio poste do colégio tocava Eleanor Rigby .
Achei o som mais lindo que eu já tinha ouvido na terra e comecei a chorar no pátio do Emmanuel, de pura emoção, por ser apresentado, pela rádio poste, a uma canção tão linda, um som verdadeiramente novo para meus ouvidos de menino da roça.
Nunca mais esqueci eleanor rigby.
Nunca mais consegui desvencilhar minha vida musical, do som dos Beatles.
Hoje, os considero clássicos e acho que daqui 50 anos, teremos orquestras sinfônicas tocando Beatles, como se toca, hoje, por exemplo, Bach.
Desculpa a comparação. rsrs. Mas acho Beatles e Michael Jackson, futuros clássicos.
Pois é essa a minha ligação, ou parte da minha ligação com a rádio poste.
Tudo que sei de letra de música e de canções antigas, ouvi na rádio poste de Mossâmedes, ou ouvi minha mãe cantando. Ela trabalhava e deixava o rádio ligado na Tupi, Nacional e outras emissoras da época.
Minha mãe adorava música e tinha um carinho com as letras, com as palavras.
Aprendi a gostar das palavras, com dona Matilde.
É isso aí, Renato.
Você veio me falar de rádio poste, de alto-falante, e eu acabei fazendo esse rosário, essa ladaínha em forma de memória.
Lindo texto brandão!!!!
ResponderExcluirQuando comecei a lê-lo lembrei que no livro "Chega de Saudade" do Ruy Castro acho que ele começa falando sobre o João Gilberto ouvindo músicas em alto falantes.
No final fui lembrando da vez que c me contou essa história de quando comecei a chorar no pátio do Emmanuel.
Ficou muito massa sua participação no vídeo da petrobrás, ó: http://www.youtube.com/watch?v=21u0x1_hwEs
e fiquei feliz quando, no finalzim do vídeo, eu acabo de falar minhas besteiras e aparece você rindo. hahehe
Abração menino da roça, crítico do "espírito de gado"...